RADIO BARREIRITTO CAIPIRA

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sexta-feira, 5 de agosto de 2016

Marcas da lida
( valtair bertoli ) 04/08/2016

Carrego comigo o meu corpo marcado
De um lindo passado igual o sol no poente
Revendo lembranças  ainda  guardadas
 Do meu  tempo na estrada  me sinto  contente
Tocando boiada passei meus janeiros
Me formei   boiadeiro  era um  adolescente
Nunca imaginava que  no  fim da jornada
Da velha   peonadas  eu fosse  o  remanescente

Ainda mantenho  o berrante guardado
todo empoeirado  das lidas no sertão
A    cela de couro  velha e  desfolada
Das minhas cavalgadas em  potro redomão
A longa chibata num  gancho enrolada
Deixei  pendurada na trava do galpão
O meu par de espora  de roseta dourada
Num canto engripada  me corta o coração

Muitos apetrechos da lida com gado  
Foram dispensados só ficou na minha mente
Minha capa gaucha  que agua não vazava
E que eu tanto   usava ao   neto  dei  de presente
“prum “  carreiro no asilo   doei os meus laços
Sem nenhum embaraço ele  estava carente
O surrado gibão a  um primo emprestei
Onde anda não sei sumiu da minha frente

O macio pelego  a nora tem zelado
Ele esta preparado pra findar sua missão
Assim como o sol que a tarde vai embora
Logo   chega  a hora   desse velho peão
Com  meu cochinil  quero ser sepultado
Nesse  manto sagrado eu fiz tanta oração
Parte da minha vida  nele passei   deitado

Parto  realizado rumo a imensidão

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