Marcas
da lida
(
valtair bertoli ) 04/08/2016
Carrego
comigo o meu corpo marcado
De
um lindo passado igual o sol no poente
Revendo
lembranças ainda guardadas
Do meu tempo na estrada me sinto contente
Tocando
boiada passei meus janeiros
Me formei
boiadeiro era um adolescente
Nunca
imaginava que no fim da jornada
Da velha
peonadas
eu fosse o remanescente
Ainda mantenho o
berrante guardado
todo empoeirado das lidas no sertão
A cela de
couro velha e desfolada
Das minhas cavalgadas em potro redomão
A longa chibata num
gancho enrolada
Deixei pendurada
na trava do galpão
O meu par de espora de roseta dourada
Num canto engripada me corta o coração
Muitos apetrechos da lida com gado
Foram dispensados só ficou na minha mente
Minha capa gaucha que agua não vazava
E que eu tanto usava ao neto dei de
presente
“prum “ carreiro
no asilo doei os meus laços
Sem nenhum embaraço ele estava carente
O surrado gibão a um primo emprestei
Onde anda não sei sumiu da minha frente
O macio pelego a
nora tem zelado
Ele esta preparado pra findar sua missão
Assim como o sol que a tarde vai embora
Logo chega a
hora desse velho peão
Com meu cochinil
quero ser sepultado
Nesse manto
sagrado eu fiz tanta oração
Parte da minha vida nele passei deitado
Parto realizado
rumo a imensidão
Nenhum comentário:
Postar um comentário