RADIO BARREIRITTO CAIPIRA

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terça-feira, 28 de abril de 2015

VERGONHA DE CARREIRO
( VALTAIR BERTOLI ) 28/04/2015

hoje eu sinto saudades dos velhos tempos
e o que me resta é somente recordar
aqui sentado numa cama de asilo
nem mesmo a estrada eu não posso mais olhar

em minha vida já passei muitos janeiros
e muitos foram nas estradas a carrear
agora estou muito velho e cansado
mas nada faz  isso da mente eu apagar

relembro o carro e  minhas juntas de boi
que a passo lento seguia pelo  estradão
com muito orgulho  assim eu fui  ajudando
a construir e dar riqueza  pra nação

desde menino sempre estive na lida
e foi meu pai que me ensinou a profissão
ele partiu e eu  ainda era muito jovem
e foi num carro que seguiu o seu caixão

quantas saudades das minhas cargas pesadas
do choro longo que fazia os seus cocão
ia tocando deixando  rastro na estrada
com meu suor  pingando por todo chão

se hoje estou internado num  asilo
esse futuro eu não fiz por merecer
trabalhei duro para criar todos meus filhos
é muito raro alguns deles vir me ver

hoje meu filhos já estão todos formados
e devem isso a um velho carro de boi
sentem vergonha  do seu velho passado
e eu orgulho daquele tempo que foi

aqui eu deixo o meu ultimo desejo
pra quando a morte vier me buscar
queria muito que fosse num carro  de boi
que me levassem pra poder me sepultar

quarta-feira, 22 de abril de 2015

ESCOLHIDO DO MESTRE
( VALTAIR BERTOLI ) 22/04/2015

a vida la no sertão / naquele berço abençoado
reduto de educação / que hoje tem nos  faltado
a obra é DEUS quem ensina / nos campos onde é plantado
nosso pão de cada dia  /  naquele solo sagrado

no sertão é uma festa / quando a chuva molha a terra
e faz nela florescer / a sua obra mais bela
o criador la do alto / contempla essa maravilha
e o escolhido do mestre / pra cuidar foi o  caipira

a nossa semente tem / o poder do criador
que da mais sustento a terra / quando lá pinga o suor
a semente é mais forte / nas mãos de um lavrador
aumenta a germinação / zelando dela com amor

a vida la no sertão / segue com sua rotina
de trabalho e muita fé / assim que o livro ensina
quem nasce por la na roça / bebe aguá cristalina
aguá fresca igual palavra / que DEUS todo dia  ensina
O PROGRESSO  13/02/2015
( VALTAIR BERTOLI ) editada em 22/04/2015

Bem perto de uma taboca / nos confins lá do  sertão
tinha um ranchinho de palha / do tipo que beira chão
ali morava um matuto / vivia na solidão
era um sujeito humilde / mas rico de educação

naquela mata selvagem / jamais ele esperava
que fosse algo surgir / pra atrapalhar sua estada
foi triste o seu desengano / ao ver o progresso chegar
ouvindo na voz do fogo / toda a mata queimar

estava  desesperado / vendo o fogo chegar
sentiu o golpe da morte / ao ver seu rancho incendiar
já se sentindo acoado / ainda tentou se  salvar
iria pra outro canto / e um novo rancho montar

ficou ouvindo os estalos / da taboca que queimava
parece que lhe Implorando / para que  fosse apagada
mais nada  pode fazer / estava tudo cercado
assim igual o seu rancho / ele também foi queimado


e se passaram dois anos / seu corpo foi encontrado
fincaram ali  uma cruz / para que fosse lembrado
morreu aqui um matuto / na sua derradeira morada
no seu rancho na taboca / que ele tanto amava


terça-feira, 21 de abril de 2015

Disfarce
( Valtair Bertoli ) 06/04/2015

vocês que olham pra mim
e me vê assim sorridente
não faz ideia da dor
que o meu peito ainda sente
sofro  sentindo  saudades
dos meus tempos de outrora
de alguém que já foi meu bem
que a muito se foi embora

só eu sei ja a tempos
oque  eu tenho passado
reclamo a falta desse amor
sem ter ela  do meu lado
vivo sorrindo pro mundo
disfarçando a dor da saudade
estou morrendo aos poucos
vivendo sem  felicidade

quem dera se ela me ouvisse
falando  da minha dor
e desse mais uma  chance
pra conquistar  seu amor
meu sorriso voltaria
mostrar a realidade
tendo  ela aqui do meu lado
voltaria a sorrir de verdade



UMA VIOLA E UMA MORENA
( VALTAIR BERTOLI ) 21/04/2015

Trago viola nos braços
 e a morena na mente
o sonho desse caboclo
 é ser feliz tão somente

vejo  a morena me sorrindo
 e vai falando contente
esse é o meu violeiro
de quem não fico distante

nos braços dessa viola
pra ela eu fico a tocar
ai minha moreninha
você  tem me feito sonhar

a voz sai do meu peito
ela me ouvindo cantar
e fica toda sem jeito
com muito brilho no olhar

o seu sorriso desperta
O meu desejo de  amar
somente o poder de seus beijos
faz minha viola calar

nesse meu mundo de festa
ela é a rainha do  lar
ai minha moreninha
que eu nasci pra amar

sexta-feira, 17 de abril de 2015

BARRACO DA HUMILDADE
( VALTAIR BERTOLI ) 17/04/2015

eu nasci em um barraco
lá nos confins  do sertão
todo cheio de buraco
e aprendi  minha lição
respeitando os mais velhos
ouvindo o que eles falava
que nossa vida era rica
dependendo de como olhava

o meu pai e meu avo
da lida não se cansava
as noites no barraco
conselhos sempre me dava
falava da sua infância
que como foi  complicada
era num rancho de paia
que antes eles morava

e hoje eu me encontro aqui
falando do meu passado
de tudo que eu  aprendi
de qual foi o meu legado
daquele tempo de infância
que achava complicado
ainda hoje eu sigo
tudo que foi me falado

minha casa tem conforto
nela nunca falta nada
mas carrego o costume
de como meu pai falava
a noite chamo  meus filhos
pra falar da humildade
mesmo hoje sendo  rico
e morando na cidade
CASINHA BRANCA DA SERRA 17/04/2015 editada
( VALTAIR BERTOLI)

casinha branca escondida pela serra
faz minha vida cada dia ainda mais bela
cerca de flores perfuma minha morada
é meu refugio junto da minha amada

a estradinha é toda cheia de vida
o ipe florido faz ela mais colorida
tem borboletas fazendo as revoadas
e passarinhos cantando desde a alvorada

em todas noites que tem claro de luar
deito na rede pra poder contemplar
a linda noite e o frescor da madrugada
e o seu orvalho deixando a grama molhada

clarão do sol desponta no pé da serra
e os seus raios vai entrando na janela
a minha amada vai sendo despertada
com um sorriso de uma noite abençoada



FAZENDEIRO DE FACHADA
(VALTAIR BERTOLI )

Eu vivia no meu sitio era só felicidade
até o sitiante vizinho vender sua propriedade
oque era felicidade em  tormento transformou
com o novo proprietário que o seu sitio comprou
era um  sitio grande com dois rios que a margeava
pra seguir para sede dele por minhas terras passava
naquela estrada batida  só carrão que desfilava
de tanto bater a porteira todo dia ela quebrava

mandei tirar a porteira coloquei um mata burro
e nem mesmo um obrigado escutei ter me falado
o sujeito mal educado ainda veio reclamar
que meu sitio atrapalhava pros seus amigos passar
e me fez uma proposta que não era pra eu enjeitar
disse que de qualquer jeito minhas terras ia comprar
fosse de porteira aberta ou mesmo com ela fechada
pra dar sossego aos amigos qualquer preço ele pagava

minha vida nessa altura ja estava um tormento ,
e pra Deus em  orações eu fiz todos meus lamento
implorei pela sua ajuda pra poder me acalmar
que do jeito que estava não dava pra continuar
no outro dia  cedinho quando  ia pro  roçado
vi os carros da policia que tinha o mata burro passado
levando o vizinho preso era um bandido procurado
hoje com a gloria de Deus estou vivendo  sossegado
OURO PRETO
( VALTAIR BERTOLI ) 16/04/2015

no alto uma casinha simples
e la em baixo  o ribeirão
quando não tem lua clara
o manto  é da escuridão
nas noites  que são escuras
mais as estrelas podem  brilhar
no mato  piscam vaga lumes
com curiangos  a  cantar

a luz de uma lamparina
pela casa a clarear
um  caboclo se ajeitando
pra poder ir descansar
quando  amanhece o dia
antes do galo  cantar
ele vai pegar suas  traias
e pra lida caminhar

vai levando o  rodo e a enxada
no ombro pelo trilho afora
a moringa cheia d'agua
com a colheita sonha agora
no  cafezal todas as ruas
os seus pés vai arruar
preparado  o seu solo
pra  depois seus grãos  panhar

este é seu maior tesouro
o ouro preto do  sertão
o sonho do seus  roceiros
cuidando da plantação
almeja uma colheita  farta
pra poder comemorar
com seu ano de trabalho
sua familia  sustentar

quarta-feira, 15 de abril de 2015

O FAZENDEIRO E O CAIPIRA
moda de viola (VALTAIR BERTOLI ) 15/04/2015

eu vou contar uma estoria / que a muito aconteceu
numa cidade pequena / foi que esse fato se deu
la tinha um velho caipra / que a muito economizava
e um pedacinho de terra / com sacrifico comprava
naquele lote de terra / muitas galinhas  criava
e todas ficavam soltas   / por todo canto ciscava
e nos  fins de semana   / algumas ele matava
doava para um asilo     / e todas   limpas  levava

numa reunião na cidade / um dia foi convidado
pelo senhor prefeito /  foi quem tinha lhe chamado
pra discutir as mudanças / pra melhorar a cidade
e todos fazendeiros / na reunião se encontrava
o fazendeiro vizinho / do lote que ele morava
perguntava em voz alta / no que o velho ajudava
um criador de galinhas / que nas suas terras ciscava
pra falar de mudanças / que a cidade precisava

o caipira nessa hora  /  então pegou lhe falar
o senhor e sua fazenda / estão a me atrapalhar
quero que bote o preço / na sua fazenda agora
e de porteira fechada / não jogo conversa fora
o fazendeiro zombando / colocou um preço bem alto
o caipira questionado  /  disse eu não fujo de um trato
em seguida foi no  banco / trazendo dinheiro aos maços
e la na frente de todos / ali firmarão o contrato

o segredo do caipira  / pra ninguém ele falava
que todas  suas galinhas / que ele matava e limpava
sempre  abria as muelas / e muito ouro encontrava
e vinha la da fazenda / onde as galinhas ciscava

terça-feira, 14 de abril de 2015

MORENA ORGULHOSA
( VALTAIR BERTOLI ) 14/04/2015 CHAMAMÉ

morena se você soubesse
como é triste o meu viver
ficar sem você por perto
aumenta o meu padecer
sinto uma dor ingrata
ferindo meu coração
e tenho sofrido muito
vivendo essa solidão

queria  poder estar
nos seus braços agora
poder lhe fazer carinhos
por toda noite afora
pois sei que você também
muito lamenta e chora
a falta do meu amor
desde que você foi embora

morena deixe seu orgulho
e volte pro meu amor
não podemos mais ficar
vivendo  os dois nessa dor
tire suas magoas do peito
e me telefone agora
chego onde você estiver
antes de romper a aurora

quero te trazer comigo
pro nosso ninho de amor
e vamos  viver felizes
esquecer toda essa dor
a vida é muito curta
jogue suas magoas fora
e vamos ficar juntinhos
todo dia e toda hora

domingo, 12 de abril de 2015

MEU LAMENTO
( VALTAIR BERTOLI ) 12/04/2015

ai minha terra  estou distante
como eu lamento por te deixar
passo os meus dias pensando  em ti
e durante a noite fico a sonhar
aqui não tem o sol por  traz dos montes
nem mesmo os pássaros ouço cantar
tudo podia ser bem  diferente
nem sei porque fui te abandonar

vivendo  longe da minha terra
só tem me feito é  muito padecer
o sol não tem mais o brilho intenso
nem mesmo a lua alegra o meu viver
o amanhecer aqui não tem  aurora
no céu não vejo estrelas brilhar
as madrugadas são tristes e sem vida
 nem mesmo os galos  escuto mais cantar

ai meu amigos  meu sofrimento
sei que um dia vai se acabar
quero voltar la pra minha terra
e nova   vida vou recomeçar
esse é o lamento vindo de um caboclo
que quis na vida  se aventurar
trocou a vida do seu paraíso
e não vê a hora de poder voltar

sexta-feira, 10 de abril de 2015

passado presente
( VALTAIR BERTOLI / JOÃO PAULINO DA SILVA ) 09/04/2015

quando pego a viola
que me ponho a tocar
faço uma revisão
do que ja pude sonhar
lembro do meu passado
e do que eu vivo agora
hoje mais nada  é
como já foi outrora

recordo a  juventude
e tanto que ja sonhei
levo uma vida feliz
por tudo que ja passei
o que ainda  maltrata
é a maldita saudade
de não poder retornar
mais na minha mocidade

rever os velhos amigos
da minha lida na  roça
da linda namoradinha
que a saudade ainda  coça
oque eu posso agora
é somente recordar
e dentro dessa viagem
vejo tudo misturar

vou ponteando a viola
querendo algo encontrar
mas sei que nunca mais
isso eu vou realizar
hoje os sonhos são outros
diferente do passado
quem dera se eu soubesse
jamais teria sonhado


quinta-feira, 9 de abril de 2015

NAS ONDAS DO RADIO
( VALTAIR BERTOLI ) 09/04/2015

estava deitado com o meu radio ligado
ouvindo sossegado , umas modas raiz
foi quando ouvi o locutor emocionado
que falava de sua infancia de como era feliz

falou das coisas que viveu por la na roça
falou da sua paioça nos confins do meu sertão
a sua voz parecia vir da alma
e suas doces palavras entrou em meu coração

falou dos tempos da colheita do arroz
e por um breve momento eu me vi la no passado
senti o cheiro que saia de suas paia
la no meio da colheita de quando era maiado

logo depois correndo a gente ia
brincar e se divertia no monte que foi criado
essas lembranças estão vivas na memoria
e por mais que o tempo passe, nunca vão ficar de lado

vi o meu pai batendo em uma lona
em cima do monte de vagens pra descascar o feijão
ele batia com carinho e muito jeito ,
e eu ia peneirando lá em nosso terreirão

vi minha mãe fazendo o nosso almoço
num fogão fogo a lenha de sabor sem igual
nossa mistura que todo dia fazia
era sempre muito fresca e vinha do nosso quintal

e foi assim que o amigo locutor
me fez viajar pelas ondas do radio
e todas noites sempre vou pedir a Deus
que ilumine os passos seus pra que seja abençoado


partida de amor
( valtair bertoli / mario  ) 03/04/2015

meu bem estive distante
sei que fiz você sofrer
parti numa noite escura
pra ninguem poder me ver

sofri sem os seus carinhos
por esse mundo a fora
a dor contida em meu  peito
quero te falar agora

ninguem pode imaginar
a dor que um homem sente
quando sai de sua terra
e leva  um amor na mente

recordava de você
todo dia e toda hora
so eu sei o quanto chorei
desde que fui embora

agora estou de volta
pra poder lhe ofertar
um mundo mais confortavel
que fui la fora buscar

quero te levar comigo
pro nosso ninho de amor
e nunca mais nessa vida
vamos passar  essa dor