RADIO BARREIRITTO CAIPIRA

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quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Marcas apagadas
( valtair bertoli ) 17/11/2016

Aqui distante troteando na  saudade
que tanto meu  peito invade  escrevi essa canção
só recordando as   coisas    do meu  passado
que a muito  esta  guardado na minha recordação
dos velhos  tempos do  antigo  carro de boi
que em outra hora   foi  nosso  herói   no sertão
dos boiadeiros  conduzindo  as boiadas  
 na mata abrindo  picadas criando novo estradão

das ferramentas de madeira construída
 feitas pra usar   na lida e também nas criação    
da parceria entre   o  cavalo e o   roceiro  
dois eternos  companheiro pra   todas ocasião
das   capelinhas que nos sítios  existia
e a fé que nos regia pra tudo tinha   oração
quando  doente procurava as benzedeiras
que em folhas de bananeira benzia com devoção

fim de semana na cidade eu sempre  ia
e por la se   divertia aproveitava a ocasião
no fim da missa no foot sempre ficava
as meninas paquerava parecia um garanhão
chegar em  casa   sempre tinha  hora marcada
a charrete em disparada  seguia na escuridão
meu velho  pai acordado   me  esperava
quando  no quarto    deitava pra pedir   sua benção

passou o tempo e com ele a alegria
de tudo que eu vivia vi sumir num poeirão
todas  as marcas que   deixei na minha estrada
hoje estão apagadas só me restou a   emoção
fui bem feliz nesse tempo já distante
não deixei nem um instante de manter a tradição
trago  o legado  pelo  meu pai  ensinado
de ser sempre  educado  e não ter ostentação


Estrada e boiada
( valtair bertoli ) 17/11/2016

Hei hei hei  boi . hei hei hei boi

Quanta saudade da estrada boiadeira  onde vi  subir poeira
invadindo a imensidão
seguindo nela a boiada caminhando  o berrante repicando
 descendo pro ribeirão
O cozinheiro esperando na pousada com a janta preparada
 pra servir a refeição
E o  peão   com o seu   rosto marcado batendo  o  pó acumulado
da lida no estradão

Hei hei hei  boi . hei hei hei boi

lembro  a fumaça subindo pela  fogueira  bem pertinho da figueira
uma   viola tocando
peões cantando sob a noite enluarada clareando na invernada
a boiada ruminando
as velhas redes nos galhos  sendo armadas no romper da madrugada
suas mulas arriando
e novamente em  marcha iam  partindo  com  sua sina seguindo
e a boiada acompanhando

Hei hei hei  boi . hei hei hei boi.

la da varanda da casinha que eu morava tudo isso eu avistava
e ouvia as canção
ate me via  com o meu corpo crescido   pra  com eles   ter seguido
aprendendo  a profissão
mas o destino com o tempo foi mudando   também vi se  acabando
a lida de peão
cessou      poeira asfaltaram a boiadeira teve fim essa carreira
hoje é só recordação

Hei hei hei  boi . hei hei hei boi
Hei hei hei  boi . hei hei hei boi

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Cantinho da felicidade
( valtair bertoli ) 13/11/2016

No meu cantinho é que vivo satisfeito
  Onde tudo é perfeito rege a  simplicidade
Desde criança  aqui   tenho vivido
 E ele é   provido de tantas  variedades
sua  Beleza  desponta por  todo canto  
desde que  deito e levanto desfruto da liberdade
dia e noite   tenho    orquestra la na mata    
junto ao chua da cascata vivo em felicidade
  
 quando o  sol desponta por  entre os montes
 clareando o horizonte no romper da alvorada
o Sabia   cantando   rege a orquestra
voando  pela  floresta sob a  relva molhada
na mata ao longe vejo  os  seus pingos     caindo
sempre  ficam  refletindo tal  visão    me agrada
Muito me empolgo pois parecem   diamantes
 Misturados a brilhantes   enfeitando minha morada 

Tem bem mais cor  o  verde no amanhecer
Tudo é lindo de se  ver  a vida é  deslumbrante
Observar quando  As flores vão se abrindo
  e com elas vem   surgindo tantos outros  visitantes
tem joaninha Abelhas  e    beija flor  
que desfrutam    do  sabor   de seu   mel ofertante
as Borboletas  sossegam   ficam pousadas
pelas flores encantadas   no  aroma exuberante

ver o tiziu no mourão dando    pulinhos
junto a outros passarinhos todos eles me inspira
as andorinhas se banhando na lagoa
os patos entre as taboas onde esconde as  traíras
tem muito mais a natureza aqui é perfeita
toda ela se respeita  venha visite e confira
se você quer ter uma vida  de qualidade

abandone a cidade  e se  junte a esse  caipira

sexta-feira, 11 de novembro de 2016


FELICIDADE DE CABOCLO
( VALTAIR BERTOLI ) 11/11/2016

Pra te agradar eu carpi todo quintal
Arruei o cafezal e cortei as bananeiras
Subi na casa troquei as telhas quebradas
Apartei da invernada todas as vacas leiteiras
Rachei a lenha amontoei no puxadinho 
Consertei no monjolinho o pilão que não socava
E bem mais cedo quando o dia amanhecia
enquanto água fervia com o capado lidava

Mexi na horta e formei novos canteiros
Consertei no galinheiro a tela velha furada
também troquei as painas dos travesseiros
e limpei no celeiro as traias empoeiradas
lavei o baio e escovei a sua crina
tirei o mato da mina que sua água espalhava
pus corri mão na pinguela do Riozinho
e podei alguns galinhos que nela atrapalhava


limpei a casa e cuidei das criação
guardei cinzas do fogão numa lata separada
fui na capela e a Deus fiz minha oração
e chorei de emoção por você ser minha amada
fiz muito pouco pelo que tenho vivido
só de ser o seu marido me sinto abençoado
e quando vejo o berço em nosso quarto 
agradeço pelo parto de um filho ter me dado

domingo, 6 de novembro de 2016

Reduto de caboclo 
( valtair bertoli ) 06/11/2016

Sou um caboclo  direito  e trato com respeito
a todos do meu lado
Sei que falam do  meu jeito  que não   visto  direito 
e   ando   remendado  
Que tenho a  pele     grossa  que moro na roça
No mato amoitado
Falam até da    charrete  e do velho  canivete
Na bainha afiado

Sempre que chego na cidade logo bate  saudade 
Do meu reduto
do meu recanto  abençoado no  meio  do gado
onde  sou absoluto
La sei que   sou respeitado só  tenho deixado
Pra vender meus  produtos 
 tempero  queijo  mineiro  leitão e carneiro
E também outros  frutos 

De volta pra minha morada  o cavalo na estrada
Marcha satisfeito
com  a  charrete vazia  vou olhando as cutia
Na tria  espreito 
Passarinhos em   revoadas  o gado na invernada
Esqueço o preconceito
ao chegar  na trilha apertada pelo mato tomada
Alivia   meu peito

Ao longe a esposa tão  bela ao me ver  da janela  
 preparara um agrado
Um cafezinho fresquinho junto de  bolinhos
também  milho  assado
Ajoelho   faço a  oração por toda  proteção
Que Deus tem me dado
Agradeço  e beijo o retrato dos três filhos do mato
Que hoje são  formados

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Cenas do meu passado
( valtair bertoli ) 03/11/2016


Resgatei da  minha mente / o filme do meu passado
Igual água da vertente / tive os olhos inundados
Revendo velhos retratos / Preto e branco amarelado
Revivi  antigos  fatos / e fiquei  emocionado
Coisas da minha infância / que com os anos se foi
Igual  rastros e a elegância / do velho carro de boi
Cenas do meu paraíso / que o tempo fez mudar
Também   meu rosto liso / que ele  fez  transformar


A lembrança tão constante / me trouxe na visão
Meu  papai sorridente / cuidando da plantação
A Mamãe toda faceira / linda igual flor em botão
Pegando  das bananeiras / folhas para assar o pão
No pomar laranjeiras / com suas flores surgindo
Igual uva na parreira /   seu perfume ia  subindo
Pelas frestas da casinha / a noite eu vi entrando
Raios da lua madrinha / o meu sono   enfeitando


todo caminho da escola / pela mente  fui andando
levando a velha sacola /  pela estrada  brincando
vendo vários  passarinhos / sobre a mata voando
senti no   vento  o carinho / a brisa  me refrescando
tudo  vindo da lembrança  / por ela eu  vi passar
o meu tempo de criança  / no   filme  vi se acabar
hoje o que resta é saudade / e viver nessa ilusão

sem ter a felicidade / que partiu sem    permissão